Wednesday, August 6, 2014

alfândega

uma coisa que aconteceu nas duas viagens de volta do japão foi que, depois de horas em um ambiente controlado e quase sem estímulos, como é um avião, o choque com a realidade do aeroporto é muito forte. eu já vinha de 14 horas de vôo de tóquio para houston, mais as horas de espera do vôo no aeroporto e as 12 horas de houston pro rio e estava muito, muito cansada. então encarar barulhos, gente pegando carrinho de bagagem e batendo nos outros carrinhos, gente no telefone avisando que chegou, depois sair e encarar a muvuca dos táxis, o sol, o rádio ligado, isso tudo foi me sobrecarregando dum nível que nem sei explicar. foi uma superexposição dos sentidos, não sei. a palavra que melhor descreve é em inglês, overwhelming. deitar e dormir foi o único remédio.

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eu preciso dizer uma coisa, mesmo.
passei poucas horas nos estados unidos. e essas poucas horas foram decisivas na minha decisão de não voltar lá.
não pelas pessoas. há pessoas muito queridas que moram lá. gente que mora no meu coração.
mas pela imigração.
tudo bem, eu entendo o onze de setembro.
eu entendo que as coisas mudaram.
mas eu estive em outros lugares, sabe.
eu estive no japão. no canadá. no chile. na argentina. lugares onde passei pela mesma rotina de segurança - mas onde houve uma enorme diferença da segurança americana.
no japão, no canadá, no chile, na argentina, eu não fui tratada como ameaça. eu ouvi "por favor" e "obrigado".
eu não saí cansada de um vôo longo e ouvi grito.
eu não me senti como se tivesse um feitor me dando ordem.
mandaram tirar os sapatos sem nem ter um lugar onde eu pudesse me apoiar. o fred machucou as costas na viagem de ida pq não teve como se sentar para tirar os sapatos e isso só não aconteceu de novo porque eu desatei os cadarços e o ajudei a descalçar as botas.

em outros lugares, mesmo seguindo o mesmo protocolo de segurança, eu me senti bem-vinda.

e eu não volto onde não sou bem tratada.


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Na ida, abriram minha mala. Na volta, levei grito e ainda fui revistada. é, levei um chega mais da segurança.  não fui com pedra na mão não. Levei pedrada deles. Não volto. Eu até posso desculpar uma coisa ou outra, mas meu dinheiro não aceita desaforo.


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 eu não tou dizendo que não é para seguir as normas de segurança internacionais. não tou dizendo que é prá todo mundo menos eu tirar o sapato. o que eu tou dizendo é que não precisa tratar o povo feito gado, pq eu vi que é possível passar pela mesma experiência com um banco para poder sentar e tirar o sapato, e ouvir por favor e obrigado. mas vai ver q o problema sou eu, que gosto de ser tratada com educação.

algumas impressões

Os banheiros aqui são estruturas pré-moldadas em plástico, uma caixa que é acoplada ao quarto. Eles têm um degrauzinho, pois o encanamento corre por baixo. Por isso, as paredes são extremamente finas e você ouve até o pensamento de quem tá dentro dele. Os aparelhos sanitários japoneses são coisa de ficção científica: assento aquecido, função bidet, barulhinho para encobrir os barulhinhos fisiológicos. A banheira é fundinha, mas é pequena. eu sou baixinha, e consigo tocar as paredes de lado a lado, menos na distância da banheira para a porta.
Claro que o luxo do banheiro varia conforme o quarto, mas a estrutura básica é marromeno essa.
Aqui no hotel não há o aviso de "cuidamos do planeta, só peça para trocar as toalhas se for realmente necessário", mas tem "cuidamos do planeta, usamos o rolo de papel higiênico até o fim"



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mico do dia: comprei uma coisa achando que era um trem bala em miniatura. era band-aid com desenho de trem-bala  

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 os travesseiros aqui são muito duros. fred chama de sacos de arroz. eu fiz uma coisa que é brega, mas muito eficiente: trouxe meu travesseiro de casa. isso fez a diferença, viu.


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Calico Cat Café. Neste Cat Café a gente podia comprar peito de frango cozido e dar pros gatinhos. o bando de interesseiros corria prá junto assim que sentia o cheiro!
lá também tinha uma coisa muito legal: uma pasta com fotos e informações sobre os gatos: nome, sexo, data de nascimento e tipo de temperamento.



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  eu já falei mais de mil vezes da maravilha que é a gelatina, e ainda não disse que ela vem com uma pazinha para comer, tipo uma pazinha de plástico das de tomar sorvete. e não disse que essa pazinha é horrível. ela não segura a gelatina, que cai, suja a mesa, suja a minha roupa. mas como eu não sou quadrada e sei me virar, comprei colherinha de plástico, tipo essas de festa (aqui vende em embalagem de 6) e tou comendo minha gelatininha com colherinha. que eu não sou besta.

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 'Fred, tou tão cansada que não enxergo direito as letras no laptop"
"Vc não tá cansada, tá véia mesmo"

e esse home diz que me ama, brazil.

 

Tuesday, August 5, 2014

novelas

ontem, na novelinha coreana com legendas, a moça malvada que faz expressões deliciosas com os olhos esbugalhados, estava no restaurante com a mocinha com cara de abobalhada, quando chegou um rapaz com cara séria e a agarrou pelo braço, falando entre dentes enquanto ela fazia cara de espanto. depois, ela sequestrou o filho da mocinha boazinha que usa minissaia. ela pegou o menino bocó na escola (suponho que ele a conheça, foi com ela dibouas) e se mandou.a cara do filho-da-moça-de-minissaia era um espanto. de vez em quando ele olhava para a câmera, tipo "tou fazendo certo, diretor?" De repente, a malvada estaciona o carro em lugar ermo, pega o celular, joga no chão e ele quebra todo. Entra de novo no carro e se manda com o menino bocó rumo ao pôr-do-sol.
 enquanto isso, mocinha chega em casa, não acha o filho (sai procurando por todas as portas do cenário) e cai chorando no chão enquanto uma senhora mais velha a consola. a mocinha encontra o rapaz do restaurante (será o pai do filho dela?) e vão na casa de um casal de meia idade, hm, abastado. chegam lá com a puliça, procurando a malvada. ela deve ser filha do casal. a mãe, num laquê fantástico, faz mil e uma expressões para mostrar que não usa botox. o puliça de colete bota uma escuta no telefone e a mocinha desmaia. ninguém segura, ela cai feito uma jaca podre.


no drama-aventura-de-época, o moço é tecelão e recebe uma moeda de ouro na porta de casa. modos que o moço não é tecelão, é assassino. moço vai no endereço (como ele soube, se eu só vi a moeda, sem nenhum bilhete? moço deve ser médium), que é um bordel. lá, uma jovem está sendo vestida e maquiada para ser a atração da noite. pela cara de desespero, capaz de ser a estréia dela na casa. engraçado eu dizer que ela tá com cara de desespero, pq a pobre não mexe um músculo do rosto. ela é levada para um salão com músicos, outras moças e o cliente que é seboso, nojento e malvado. ela vai pro quarto com ele, enquanto o assassino-médium-tecelão mexe uma telha do telhado e desce uma corda com um peso de metal na ponta e, com um movimento ninja, passa a corda no pescoço de um cara e o levanta, enquanto o cara se debate desesperadamente. o cara morre enforcado.
agora nosso herói vai até o quarto onde a pobre moça está imóvel, sendo despida - meu deus, quanto pano - e dá uma facada no cliente. o cliente morre e a moça nem vê! só depois de uns segundos ela percebe que se livrou dele.
o cliente seboso ia despindo a pobre moça jogando os panos na cara dela, por isso ela não viu que ele foi assassinado. pense numa classe.
 eu contei quatro camadas de tecido do quimonão que a moça usava, e tinha muito mais para tirar. a hora do pograma vai toda nisso.
daí, a confusão impera no bordel. um senhor muito sério mata outro cara com um golpe vulcano. close no nosso herói. fim.

de volta a Tokyo

fred tem uma teoria de que o último hotel da viagem tem que ser o melhor. este hotel tem duas camas de solteiro, juntas, fazendo uma cama quase king. o banheiro tem chuveiro, e não banheira, é o dobro dos banheiros que a gente já viu no japão em qualquer viagem, e o vaso sanitário é separado por uma portinha. agora, o lance do banheiro é que ele tem uma imensa janela de vidro e uma cortininha. ou seja, se o freguês for exibicionista, tá com o prato cheio, pq na frente tá um shopping. mas como nós somos gaijins com pudor, fechamos a cortininha.
tem também uma chaise massageadora. fred disse que vai casar com ela. eu disse que se ele levar a cadeira pro brasil, eu caso com ela também.


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viciei num sanduichim mequetrefe que vende em qualquer kombini: salada de ovo com atum. a salvação da fominha.
é um pãozinho de fôrma tipo brasileiro, sem casca, onde um triângulo é salada de ovo e o outro é pastinha de atum. dilicinha.



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hip hip hurra para este hotel: não tem saco de arroz como travesseiro! é daqueles inteiros, viscoelásticos. mas o meu travesseiro veio na mochila, que eu não me arrisco nunca mais.


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bom dia, sakuras do dia. são sete e meia da manhã, é mais um dia lindo em tóquio. a neve velha que se acumulava, suja, nas calçadas, derreteu quase totalmente. programação do dia: voltar a odaiba para ver um museu de grandes novidades.
este hotel fica numa galeria do lado do metrô de akihabara. tem uma starbucks no térreo, um family mart bem marromeninho. neste mesmo prédio tem uma uniqlo, a C&A japa. fred tá dormindo. daqui a pouco vou papar minha gelatina matinal.

esqueci de contar que na última noite de Kyoto, depois de voltar de Gion (a gente não viu show de gueixa pq era caro demais), paramos num PUB IRLANDÊS que ficava perto do hotel. Man in the Moon. Eu achava que era Man ON the moon, tipo astronauta, mas não é. É o homem da lua, como a gente vê o são Jorge, eles vêem o rosto de um homem. Lá, o fred comeu o hambúrguer mais maravilhoso da vida dele, e acho que foi o maior, também. ele tomou uma guiness, eu comi fish and chips e bebi um shirley temple. tomei um golão da guiness e confirmei que na outra vida, definitivamente, não fui irlandesa. detestei. achei que tinha gosto de shoyo!

agora pensem nisso: eu tou no japão e vou num pub irlandês onde tá passando futebol. o mundo é muito, muito, muito doido.



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eu vejo muitas mães carregando bebês em cangurus, mas não em slings. e no frio, os cangurus têm uma mantinha, então parece que a mãe está carregando uma mochila na frente do corpo, e não um bebê

vi muitas famílias jovens, pai, mãe e criança. vi pais carregando bebês no canguru, também. e, na estação de kyoto, vi um pai e uma menininha brincando de boneca enquanto esperavam o horário do trem.
 



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no mapa-múndi, o japão tá no meio. tudo na vida é uma convenção, né? eu gostei.


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acabamos de chegar do Miraikan, e gente, fred disse que foi uma das vezes que me viu mais feliz no japão. as outras foram com o panda, os cat cafés e as águas vivas.

a gente entrou numa estação espacial (tá, só numa parte dela) que ainda por cima tinha o piso inclinado, o que dava a sensação de não estar bem na terra; além disso, entrei num micro submarino e apertei um monte de botões que não fizeram nada. passeamos por diversas experiências e por uma ala que me lembrou muito o Ricardo Bittencourt, onde uma exposição perguntava 2+2 pode ser diferente de 4? usos inovadores da matemática. lá dentro, alguns totens pediam a solução de problemas usando matemática: como descobrir que sintomas aleatórios são na verdade uma doença nova e como evitar que ela se espalhe. me lembrou muito numbers.
havia muitas crianças e pré-adolescentes. o robô asimo tb tava lá, mas a gente perdeu a apresentação.
não sei se vcs viram um episódio dos simpsons onde bart e o menino nerd criam uma foquinha-robô e levam para o asilo onde o vovô simpson mora, para ela servir como companhia pros velhinhos. pois a tal foca-robô existe e responde a estímulos. e ainda chupa chupeta. eu quase morri.
o globo fica girando lá no alto, com os continentes aparecendo, desaparecendo. é como a maior disco ball do mundo. eu olhava para cima e ria, ria, ria...
algumas experiências óticas, outras interativas. uma imensa mesa-monitor mostrava como o mundo vai se comportar nos próximos anos (ecologia, chuva, rios, florestas, emissão de carbono...) a mesa é interativa, é só pegar o símbolo do lado (parece um gigantesco carimbo) e colocar no lugar indicado. meio apocalíptica demais, sabe. o mundo tá se acabando, cuidem da natureza, o homem é maui e quebra o ciclo perfeito da vida. esse é o lado granola do museu. no outro lado, ele faz a propaganda da energia nuclear, comparando o que resta de combustível fóssil para ser usado e o grande poder da fusão nuclear.
tão tá.
mas é um museu enorme, onde eu passaria um dia inteiro sem sentir. mas o fred ficou com fome, cansado, com dor no pé e nó na tripa, e voltamos para o hotel.


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eu já falei mais de mil vezes da maravilha que é a gelatina, e ainda não disse que ela vem com uma pazinha para comer, tipo uma pazinha de plástico das de tomar sorvete. e não disse que essa pazinha é horrível. ela não segura a gelatina, que cai, suja a mesa, suja a minha roupa. mas como eu não sou quadrada e sei me virar, comprei colherinha de plástico, tipo essas de festa (aqui vende em embalagem de 6) e tou comendo minha gelatininha com colherinha. que eu não sou besta.eu já falei mais de mil vezes da maravilha que é a gelatina, e ainda não disse que ela vem com uma pazinha para comer, tipo uma pazinha de plástico das de tomar sorvete. e não disse que essa pazinha é horrível. ela não segura a gelatina, que cai, suja a mesa, suja a minha roupa. mas como eu não sou quadrada e sei me virar, comprei colherinha de plástico, tipo essas de festa (aqui vende em embalagem de 6) e tou comendo minha gelatininha com colherinha. que eu não sou besta.




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outra coisa: aqui tem muito produto voltado para quem mora sozinho. então, você pode comprar um copo de cubos de gelo, ao invés de um saco.


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e toca o tema da vitória!!! consegui arrumar as malas e coube tudo, apesar de fred ter comprado um Cruzador Yamato que me tomou metade de uma mala grande! passei três horas arrumando e desarrumando mala, mas tudo coube! TUDOOOOOOO!!!!


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lembrei duma coisa: em kyoto, no caminho da estação, a gente viu um grupo de senhores, jovens e mocinhas, todos muito arrumados (uns de terno, outros de roupa de frio), com coletes de identificação, limpando um trecho da calçada com enormes pegadores em dorma de hashi. não usavam pá nem vassoura. eu perguntei ao fred se era pena alternativa para algum delito e ele disse que não achava, que parercia um lance voluntário de alguma empresa.


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com o fim do xogunato tokugawa, devido à ocidentalização do japão causada pela pressão norte-americana para a abertura do país para o mundo ocidental, começou a era meiji. o japão consumiu como louco a cultura ocidental, principalmente a britânica e francesa. um mundo se acabou e outro começou. não tem mais xogun, não tem mais samurai. entram as armas de fogo, os prédios de tijolos e os trajes ocidentais. Edo muda de nome, passa a se chamar Tóquio - a capital do leste. antes, a capital era Kyoto.

este é o prédio do primeiro banco do japão. Ana Paula Medeiros, Claudio Luiz, a base é um prédio ocidental, o telhado é japonês. e é impressionante como o conjunto é harmonioso.


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  o tema desta viagem é gelatina. comprei sais de banho, misturei na banheira e pronto: a cor da água parece gelatina de limão. e era um envelopinho de sais de banho com aroma cítrico


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 a gente tava andando naquele vento frio de gelar bochechas e narizes, o rio Sumida ali perto, um shopping do tamanho do mundo e um caminho lindo e largo com estátuas e florzinhas e postes-para-cachorro-fazer-xixi e eu olho e tava tocando beatles com uma japa cantando em inglês em ritmo de bossa nova. era surreal demais. deu vontade de sair correndo e jogar o gorrinho para cima ingual Mary Tyler Moore. quase ninguém na rua, não dá para acreditar que esta é a cidade com maior densidade demográfica do mundo)

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em Kyoto

 gente, comi um peixe grelhado que prova que buda sabe cozinhar. modeuso, que delícia! e isso que eu comi com hashi e eu não sou a rainha da motricidade fina com hashi...

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uma coisa que eu percebi de cara é o quanto as japonesas são elegantes. Mesmo. Muito. Não é só o fato de serem magrinhas, magrinhas. elas têm porte, sabe. Postura. se maquiam com perfeição e suavidade, se vestem bem, são, na palavra mais próxima que eu consigo pensar agora, lapidadas.

são a antítese das peruas. nada chamativo, nada grande, dourado, gritante.

claro que a juventude que essa brisa canta é colorida, linda, parece um bando de passarinhos exóticos. mas mesmo assim há um senso inato de elegância.

e eu continuo me sentido um elefante na loja de louças. falo baixo e tento não me mexer muito

ói, mainha, o japão conseguiu em uma semana o que a senhora não conseguiu a vida inteira: telinha falando baixo...

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quando a gente é analfabeta em ideograma, a cabeça começa a ver padrões nos desenhos das letras. esse aqui é uma menina correndo com o cabelo preso num rabo de cavalo. aquele é uma menina dançando com os bracinhos para cima, o outro é o : ) direitinho, e tem um que eu juro que é uma aranha esmagada por uma chinelada.

não entendo nada, mas me divirto.



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ontem, na estação de kyoto, o fabuloso fantástico divino e maravilhoso senso de direção de uma certa pessoa que me acompanha nesta viagem deu chabu. subimos escada rolante, descemos escada rolante, dobramos à esquerda, depois à direita, saímos do prédio e nada de achar o okonomiyaki. até que alguém, cujo nome não vou dizer pq a modéstia me impede, lembrou que a gente comeu okonomiyaki na estação de trem de hiroshima, e não de kyoto, e esse mesmo alguém conseguiu lembrar o caminho até o restaurante, no subsolo da estação de kyoto, onde comemos guioza há dois anos atrás.

essa pessoa des-gps-izada disse que não conseguiu se localizar pq era de noite, sabe, e de noite as coisas mudam. arrã...

segundo dia

saímos meio dia e almoçamos no Mo´s burguer. comi um hambúrguer com molho teriyaki muito bom e tomei soda italiana de acerola com pêssego. você sabia que acerola em japonês é acerola mesmo?
De lá, fomos andando pro píer do Tokyo Cruise e pegamos o barco do passeio pelo rio Sumida. Um passeio tranquilo com belas paisagens. Paramos em Odaiba, que é uma ilha artificial. O Fred disse que, quando ele veio pela primeira vez em 2008, a ilha ainda estava sendo construída. Passeamos um pouco a pé e fomos ver o grande Gundam na frente de um shopping. O robô é inacreditavelmente imenso e bem feito. De lá cortamos caminho por outro shopping e paramos no meio de uma exposição de carros antigos. Foi uma surpresa de tirar o fôlego!! Não sou ligada em carros, mas um DeLorean é um DeLorean!
Do shopping fomos para a roda gigante de Odaiba e tivemos o privilégio de ver o sol se pôr perto do Monte Fuji! O céu estava claro e a roda tinha cento e cinquenta metros de altura no ponto máximo. Foi uma bênção da deusa do vulcão

Pegamos o metrô e viemos para casa. Mais um dia de muitas caminhadas e muitas alegrias. Teve um momento em que eu pensei que isso que estou vivendo não pode ser real. mas é!


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pouco depois de escrever o post anterior eu desabei na cama de bota e tudo e dormi. eram sete e pouca da noite, nem tinha jantado. fred me acordou e me fez vestir meu jajama. dormi num sono só até agora. tou no banheiro, escrevendo, para deixar meu amor dormir. são dez para a sete da manhã. doze horas de sono, praticamente. pense na força de um cansaço!

primeiro dia

boa noite para quem é de noite, bom dia para quem é de dia!
andamos mais que a má notícia!
passamos no templo Asakusa Canon, que fica a alguns quarteirões daqui. e, para meu total espanto, tirei rigorosamente a mesma sorte da viagem anterior. má sorte! quem vai viajar deve suspender a viagem, quem vai casar vai ter o compromisso cancelado, quem está construindo uma casa tem que parar a construção, quem está doente não vai ficar bom e as notícias que você está esperando não vão chegar.
pasmei. a deusa não vai mesmo com minha cara. não entrei no templo e não comprei amuletos. tirei umas fotos e fomos almoçar.
ainda tem neve na rua, neve velha, que tem a consistência de gelo de raspadinha. onde o sol bate, a neve derrete. onde tem sombra, a neve fica.
resolvemos andar até a Sky Tree e comemos um tonkatsu divino num restaurante no caminho. Tava frio e eu tomei até uma cuia de missô. Missô não é minha praia, mas tava boooom e quente.
Iludidos com a falsa proximidade da torre, andamos muito até lá. Subimos até o 350 andar - SIM, o andar trezentos e cinquenta. a vista de lá é absurda de linda. em dias claros dá para ver o monte fuji, hoje não deu. garanto que se eu subisse num banquinho dava para ver o Brasil...

lá em cima eu entendi que valeu a pena a viagem. aquela vista vale a pena.

saímos da sky tree, dobramos à esquerda e fomos pro aquário. ÁGUAS VIVAS! PINGUINS! FOCAS!!! quase endoido. tirei muitas fotos.

saímos de lá, o sol já tinha se posto e tava um frio de desesperar. bendita hora que eu comprei a pescoceira de fleece! cobri a cabeça e o rosto, fiquei quentinha.

voltamos pro hotel, passamos no kombini e já já banho e cama.

Voltando ao Japão

Em fevereiro deste ano, Fred viajou para passar 15 dias sozinho no Japão. Ele foi para o Festival de Inverno de Sapporo e depois passou uns dias em Tóquio, onde a gente se encontrou para mais 15 dias por lá.

A diferença de fazer uma viagem sem excursão é a liberdade de ficar mais no lugar se a gente estiver gostando. Também tem o lado ruim, que é viajar sem guia num país onde não se domina a língua. Mas aprendi que com boa vontade tudo se arranja.

Fui para o Japão via Estados Unidos. Rio-Washington, Washington-Tóquio. Passei cinco horas no aeroporto, cansada, com sono e com saco cheio. A viagem, sozinha, é mil vezes mais cansativa do que com o Fred. Decidi nunca mais ir ao Japão sozinha.